A explosão de sífilis congênita na Baixada Fluminense
Aos 22 anos, D.* deu à luz seu terceiro filho, no final de março, na Maternidade Municipal Mariana Bulhões, em Nova Iguaçu (RJ). Pela terceira vez, ela ficou internada após o parto para tratar o bebê recém-nascido com sífilis. “Desde o primeiro filho, eu tive que tratar a doença. Eu já tomei benzetacil, mas não me curei”, afirma a manicure. No hospital em que D. fez seu parto, nasceram cem bebês com sífilis congênita por mês, em média, entre setembro de 2016 e fevereiro deste ano. Nesse período, 603 grávidas testaram positivo para sífilis.
O número –que não inclui gestantes que já chegam à maternidade sabendo que têm a doença– confirma a escalada da sífilis congênita na Baixada Fluminense: são 15 casos a cada mil nascimentos na região. Dados do Boletim Epidemiológico de 2016 do Ministério da Saúde mostram que o Rio de Janeiro é o Estado com a maior taxa de infecção no país, com 12,4 casos a cada mil nascimentos. É o dobro da média nacional, que é de 6,5 casos a cada mil nascimentos. A meta de infecção por sífilis da Organização Pan-Americana de Saúde é de 0,5 caso a cada mil nascimentos.